Preso há mais de cinco meses (desde 25 de agosto), o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos enfrenta uma ‘enxurrada’ de ações judiciais contra sua empresa – G.A.S Consultoria e Tecnologia – em vários Estados do Brasil, ajuizadas por pessoas que se dizem vítimas do suposto esquema fraudulento, modalidade pirâmide financeira, que prometia lucros de 10% ao mês para os “investidores” que acreditavam estar aplicando dinheiro em Bitcoins, a conhecida ‘moeda eletrônica’.
O Blog do Naldo Silva apurou que o Estado com mais ações é o Rio de Janeiro, onde ele morava e mantinha a central, com mais de 300 processos, tendo a justiça já decretado o bloqueio de R$ 5 milhões para assegurar o ressarcimento.
Em Pombal, em uma rápida pesquisa no sistema da justiça estadual foi possível localizar quase 30 procedimentos de Execução de Títulos instaurados, tendo os juízes Luiz Gonzaga Pereira e José Emanuel da Silva e Sousa determinado as citações do réu para pagar as quantias alegadas, sob pena de penhora de bens. Os casos seguem aguardando novos despachos.
Os valores aplicados variam. Há o caso de um cliente que busca reaver os R$ 50 mil ‘investidos’, mas há também de um vigilante privado que destinou R$ 10 mil no esquema.
Em São Domingos, foram dezenas de pessoas que apostaram nos resultados e hoje estão sem receber os valores repassados, que chegariam a R$ 12 milhões somente no vizinho município.
A GAS Consultoria teria envolvido ao menos 67 mil clientes em todo País e movimentado cerca de R$ 38 bilhões, mas apenas R$ 200 milhões foram apreendidos com sucesso pela Polícia Federal.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região já negou vários pedidos de habeas corpus em favor de Glaidson. A defesa alegava que a modalidade de investimento praticada por ele não se enquadraria como crimes, já que as criptomoedas seriam um ativo digital emitido e negociado de modo descentralizado, sem necessidade de registro ou validação pela comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou pelo Banco Central.
Os Desembargadores, porém, entenderam que há indícios suficientes da prática dos crimes não só na denúncia, mas também a partir do material colhido na investigação policial, como quebra de sigilo bancário, fiscal, interceptação telefônica e busca e apreensão e que caso ele seja solto há risco de fuga para outros Países.
Glaidson nega as irregularidades. No dia 8 de dezembro do ano passado, o “Faraó” escreveu da cadeia uma carta aberta aos clientes. “Escrevo esta carta de coração quebrado por saber que há três meses vocês estão sem receber seus rendimentos. Nunca, nem nos meus piores pesadelos, poderia imaginar que isso poderia acontecer”, escreveu.
“Que estaria preso injustamente, que seríamos proibidos de pagar um dinheiro que contratualmente pertence a vocês, que veríamos uma história de quase uma década de muito trabalho ser jogada na lama, sem jamais termos causado dano algum a alguém”, disse ele, conforme publicado em matéria do portal Uol.
Blog do Naldo Silva
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