Seu Joaquim Gomes Querino, de 90 anos, natural de Patos, sempre dizia às filhas que quando a esposa, dona Maria José Ambrósio Querino, de 82 anos (AMBOS NA FOTO), morresse, ele iria junto.
Não aguentaria a saudade. Uma vida construída em parceria, durante 66 anos, se finda também com companheirismo. Os dois morreram em um intervalo de 18 horas, por complicações provocadas pela Covid-19.
Maria José começou a apresentar alguns sintomas gripais próximo ao dia de receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19, por isso atrasou a complementação do ciclo vacinal.
Os sintomas progrediram para um cansaço. Nesse momento, a filha Luzia começou a buscar ajuda médica. No hospital, descobriu que o teste para Covid-19 deu positivo. Hipertensa, diabética, cardíaca e obesa, dona Maria José começou a ser trata no Hospital Regional de Pombal.
Por esse motivo, Joaquim também fez o teste. Positivado, seu Joaquim, que já estava imunizado com duas doses da vacina contra a Covid-19, não apresentou sintomas.
Mas uma queda na saturação começou a preocupar a família. Foi quando ele precisou ser internado no Complexo Hospitalar Regional de Patos.
De acordo com os médicos, conforme relata uma das filhas do casal, Maria José só estava com cerca de 40% de comprometimento do pulmão, mas morreu após uma parada respiratória provocada por complicações da Covid-19.
Joaquim tinha um desvio na coluna e, por isso, o tórax estava comprimindo os pulmões, que estavam com um comprometimento de 50% a 70%.
Dona Maria José morreu em Pombal na última sexta-feira (2), às 7h15. No mesmo dia, seu Joaquim acordou mais calado, sem conversar muito.
“O médico disse que dependia dele viver”, conta uma das filhas do casal, Luzia Ambrósio Querino. Quando o relógio marcava 1h18 do sábado (3), ele não resistiu e faleceu no hospital. “Nós cremos que eles não morreram, fizeram uma viagem, estão morando com Deus, estão morando no céu, um lugar que não existe dor”, desabafa Luzia.
Seu Joaquim e dona Maria José compartilhavam a vida lado a lado. Estavam sempre juntos, há 66 anos. Dormiam juntos, no mesmo horário.
Eram o que podemos, realmente, chamar de companheiros. Ao invés de se despedir, seu Joaquim resolveu ir junto com a esposa. Escolheu seguir com ela. O casal teve 11 filhos e 35 netos, que agora seguem para continuar a história dos dois.
FONTE: Dani Fechine, G1 PB
FOTOS: Luzia Ambrósio/Arquivo Pessoal